sábado, 20 de abril de 2019

E o tempo vai passando...


Boa noite amiguinhos.
Como vocês estão?
Espero que bem.

Estava aqui pensando, porque quando a noite chega eu fico com tanto medo e nervoso?
Talvez porque com a noite vem o silêncio e com o silêncio vem os pensamentos que nos destroem, aqueles que a gente consegue nos livrar durante o dia.

Medo do futuro incerto.
Medo do que pode acontecer.
Medo do que não pode acontecer.
Medo de tentar e errar.
Medo de tentar, acertar e não saber lidar com isso, porque nunca esteve do lado de lá.
Ou então medo de nunca tentar, nunca saber, enquanto o tempo vai passando.
A vida vai passando e a gente quase que não percebe.
Medo das perguntas que não encontramos respostas ainda.
Medo de admitir que demos vários passos para trás, logo quando tínhamos dado tantos passos pra frente.
Medo de admitir que precisamos, as vezes, de uma pausa.
Medo de não saber quanto tempo precisamos de uma pausa.
Medo de pedir ajuda, achando que é fracasso.
Medo que ninguém entenda por que você novamente caiu e não está conseguindo levantar.
Medo dos julgamentos e olhares.
Pessoas a nossa volta, mas o silêncio reina.
Medo de que não passe nunca, essa sensação ruim, que nos despedaça.
Medo de estarmos ficando loucos.
Porque quando o sol chega, deixando a lua ir descansar, quando a noite deixa um lado do planeta e vai para o outro deixando o dia acontecer, todo o medo que veio com a noite parece tão bobo, tão idiota, que você chega a pensar "Estaria eu ficando louco? Seria esse o fim?"

Medo da falta de compreensão.
Medo da falta da mão estendida.
Medo do olhar com recheio de pena, dó.
Medo de dizer as pessoas que mesmo com medo, achamos fraqueza.
Eu acho fraqueza e sinto medo.
Medo do futuro?
Medo de nunca alcançar os meus objetivos?
Medo de nunca melhorar?
Medo de nunca conseguir me levantar sozinho?
Medo da morte? De enlouquecer?
Medo de lidar com momentos em que você não esta preparado?
Medo de olhar para trás e admitir que a vida era maravilhosa e não saber em que momento em que as coisas começaram ficar do avesso?
Medo de que a vida esta passando depressa demais?
De não conseguir acompanhar o mundo?
Medo da fraqueza?
Medo de admitir que aqueles medos que você tinha superado voltaram?
Medo de ao admitir isso, tornar mais real do que já é?
Acreditar quando dizem que o medo supera a coragem?
Acreditar quando me falam que eu não sou corajoso? Que sou medroso?
Medo de ouvir que a vida esta passando e estou parado exatamente no mesmo lugar?
Medo da falta de compreensão, da falta de entenderem que precisa-se de tempo?
Aquele tempo que já não temos mais.
Medo de admitir que nenhum dia tem o botão de reiniciar?
Medo de admitir que existem erros que não podem ser consertados?
Medo de ver que as coisas estão mudando depressa demais da conta, mais do que você pode acompanhar?
Ou medo de abrir os olhos e ver que nada esta mudando como você queria porque esta parado no mesmo lugar?
Medo de abrir os olhos e se ver em situações de anos atrás?
Medo de machucar as pessoas que você ama?
Medo de acabar a vida sozinho?
Medo de afastar-se do mundo ou o mundo afastar-se de você?
Medo de abrir os olhos e não ver ninguém ao redor?
Medo de admitir o desespero da dor da morte de alguém que não passa?
Medo de que o medo defina você?
Medo de que a força nunca apreça novamente?
Medo de não conseguir superar seus medos nunca?
Medo de que não tenha mais jeito?
De admitir que tudo se perdeu?
Que o mundo não é justo?
Que estamos acabando com o mundo que ganhando para viver?
Medo do fim do mundo?
De se olhar no espelho e ver no que se tornou?
Medo que você não consiga seguir em frente?
Medo de lidar com seus medos?

Medos...
Engraçado ou irônico?
Quando outros estão com medos eu compreendo, quero estar junto, quero ajudar.
Quando eu estou com medo, acho fraqueza, acho humilhante.
Não, não me pergunte porque ou se isso tem lógica, eu não sei.
Eu sei que sou humano e que tenho direito de ter medo também.
Mas não sei porque não posso admitir a mim mesmo.
Não sei porque o nervoso toma a minha mente como um abraço matador de saudades.
Não sei porque me deixo vencer.
Porque ainda quero estar no chão por mais um tempo antes de tentar levantar.
Mesmo sabendo que não podemos controlar o tempo e as coisas, ter medo.
Medo da vida.
Fracote.
Sim, eu sei.

Alguém me disse isso essa semana, que sou medroso, que eu não tenho coragem.
No sentido de lidar com meus pais sobre a minha nova identidade.
Eu não acho que seja falta de coragem.
Assim como eu preciso lidar com todos os meus medos e preciso de tempo para isso, acho que meus pais também precisam de um tempo, para se adaptarem a esta nova identidade, porque não é só trocar os gêneros nas frases, não é só me chamar de Pedro, é aceitar que tudo esta mudando, esta mudando para um rumo totalmente diferente.
É aceitar que eu tenho uma luta diferente e eles não podem me ajudar, tenho que lutar sozinho.
Porque meu amigo, essa luta é minha, só minha e de mais ninguém.
É estranho, por mais que eu queria que esse dia de adaptação deles chegue logo, eu tenho medo, porque quando esse dia chegar, terei de admitir a mim mesmo, que cheguei no outro lado da história e que tudo esta mudado.

Tenho estudado, tentando melhorar profissionalmente, tenho procurado avançar.
Mas o medo de ser descartado do time que jogo atualmente, em quase 8 anos de carreira, não é o medo de apresentar um bom jogo em outro time, mas o medo de ter que começar tudo de novo, de ter que lutar para conquistar tudo de novo.
Ainda bem que amo meu trabalho e tudo o que faço.
Lá me sinto tão bem, tenho quase certeza por poder ser quem sou.
Em casa já não tem mais briga, mas ainda uso máscara, é difícil respirar sem mascara.
Mas eu sei respeitar o tempo das pessoas.
Eu ainda sei esperar elas terem seu tempo de adaptação.
Não sei bem quanto tempo ainda saberei esperar, mas sempre respiro fundo, porque sei que é necessário.
Tudo leva tempo.
O tempo corre, mas é necessário, muito necessário na vida de todo mundo, mesmo que muito de nós não admitimos isso.

E mudando um pouco de assunto.
Continua sendo difícil estar no quarto que era da minha avó.
Nas férias que passou eu ia pintar, mudar algumas coisas de lugar, tentar reinventar.
Não porque não quero me lembrar dela, mas porque a saudade ainda machuca.
Ainda sonho com ela todas as noites.
Ainda me culpo por não ter percebido os sinais de que ela estava na reta final.
A ferida ainda esta aberta e toda vez que estou lá é como se alguém a cutucasse com o dedo para faze-la sangrar mais.
Mas... Não sabemos ainda se vamos ficar neste apartamento ou nos mudar para algum lugar mais barato, dentro do nosso novo orçamento, da nossa nova realidade.
Então não investi no quarto, se ficarmos aqui, talvez eu faça nas férias de agosto, mas até lá, vou sangrando, mas não tenho vergonha de admitir que estou sangrando, porque essa dor, esse sangue, me mostra o quanto amei ela e vou amar para sempre.
O quanto ela me ensinou e me amou.
O quanto foi importante para a minha vida.
E se eu pudesse, pediria desculpas a ela.
Por te-la culpado dizendo que era por causa dela que eu não podia viver sendo eu mesmo.
Porque olhem para a minha vida agora.
O que mudou?
Eu continuo sendo mulher dentro de casa.
Ela se foi e nada mudou.
Teria eu só a usado para justificar os meus pés que não estavam dando passos para frente?
Teria eu usado ela como desculpa?
Teria eu usado essa situação para maquiar o meu medo de avançar na história?
Avançar uma fase do jogo da vida?
É muito fácil quando temos alguém para colocar a culpa.
Eu lamento muito por isso, de verdade mesmo.
Porque no fim, exatamente no fim, percebi que a culpa era minha, só minha.
E não posso falar no passado, porque a culpa continua sendo minha e sempre será.
Me arrependo profundamente de não te-la vistado na última vez que ela foi internada, acho que eu queria acreditar que não era a última vez, não podia ser.
Para mim, se eu fosse, estaria admitindo isso e eu não queria.
Errei demais e não estou sendo homem o suficiente para lidar com meus erros.
Que ironia.
Quero muitas mudanças na minha vida, mas não luto por elas.
Continuo aqui sentado no banco, olhando a vida passar e ficar só imaginando como poderia ter sido se eu tivesse agido diferente.
Lamentando o tempo que não volta.
O leite derramado.
Que ironia, lembro-me de uma vez que minha avó disse que quando ela se fosse iriamos chorar lágrimas de sangue e agora ela se foi e meu coração não para de sangrar.
Acho que dos outros aqui de casa também não, só que ninguém quer admitir em voz alta.

Amanhã tenho um almoço em família lá do outro lado da cidade.
Na casa dos meus primos, que eu costumava ir todos os meses, beber e conversar.
Porque estou nervoso com isso?
Porque minha mãe esta finalmente saindo de casa para ir junto?
Porque não sei se serei tratado como homem ou mulher com a minha mãe lá?
Ou porque estou saindo de casa para ir para um lugar além do trabalho?
Admitir que estou com dificuldade de socializar?
De sair para lugares "novos"?
Ou melhor dizendo, sair da minha zona de conforto?

A vida é complicada demais.
Mais ainda quando não admitimos os nossos medos.
Os nossos erros.
Os nossos lamentos, as nossas lágrimas, o choro escondido no silêncio da noite abraçado no travesseiro, orando a Deus e pedindo que a dor passe.

Não sejam como eu, meus amigos.
Se precisam de ajuda, procurem.
Se precisam de forças, de uma pausa, façam.
Deem o primeiro passo.
Não deixe que o medo domine, porque sinceramente, meus amigos, no fundo do poço não tem água.

Vamos em frente.
Sempre em frente.
Dizem "não olhe para trás"
Mas olhem sim, mas apenas para ver o quanto vocês avançaram, lutaram e conquistaram.
Para verem como vocês merecem tudo aquilo que conquistaram.
Continuem andando e só parem quando conquistarem o topo do mundo.
Sempre, sempre, sempre ao lado de Deus.

E quando precisarem, nem preciso falar, né?
Eu estou bem aqui.
Para o que precisarem.

Bom, me deu fome, vou lá comer.
Cuidem-se.

E tenham forças, esperanças e fé.
Porque no fundo do poço, não tem água.
Porque o tempo não volta.

Porque a vida não tem replay.

Pedro.

quinta-feira, 11 de abril de 2019

POST NOVO - JÁ ERA TEMPO!


Boa tarde amiguinhos.
Como estão vocês?

Sim, um mês depois eu voltei.
Eu estava meio que sem inspiração, sem conseguir montar frases com as palavras que me vinham a mente, entende?

Não que eu tenha algo de novo para contar, mas eu não posso deixar isso aqui ficar com teias de aranha com cara de abandonado, porque no fim das contas, quando quero desabafar, mas não quero encher de blá blá blá os ouvidos dos meus amigos é para cá que eu venho.

Enfim, nessas férias, que já está no fim, inclusive, consegui fazer bastante coisa que eu queria, doei sangue, andei de bicicleta, ajudei aqui em casa, descansei bastante também, joguei muito vídeo game e estou maratonando a série Lost para ver se finalmente eu consigo chegar no final, pq é a trigésima vez que estou tentando rs.

Hoje também fui no psiquiatra, falei para ele que tenho sofrido muito quando a noite chega.
Quando todos estão dormindo e o silêncio reina, são os meus pensamentos que me destroem.
Que estou muito, mas muito cansado disso, pq meu coração dói de uma maneira que parece que esta sangrando, eu acabo apelando para 20 gotas de clonazepam, ele quase me deu um tapa na orelha por causa disso, mas enquanto eu tiver esses momentos, vou continuar tomando sim.

Claro que eu tive que me explicar a ele porque isso tudo estava acontecendo já que na última vez que nos falamos eu não mencionei isso, sinceramente ele deveria ser terapeuta também, sabe ser um bom ouvinte e mede as palavras ao tentar explicar alguma coisa.
Enfim...

Falei para ele que começou nessas férias, porque eu tinha jurado a mim mesmo que ia fazer a mudança de nome nos documentos nem que eu tivesse que ir diariamente no cartório até conseguir, bom, eu não fui todo dia, mas fui e de novo não consegui, por faltas de documentos solicitados, é incrível como para cada vez que eu vou lá eles inventam uma documentação diferente, sem falar na grana né, um deles é 40 reais, até ai tudo bem, certo?
Mas o procedimento do cartório em si é R$140,00 apenas para pegar a certidão de nascimento em novo nome, tem base uma coisa dessa?
Eles recusaram minha atual certidão de nascimento por ser de 2017 e tem que ser do ano atual, no caso, de 2019. Que porra de diferença faz se a certidão, eu e meus pais são todos os mesmos? Me poupem.

Enfim, falei para ele que quando chega a noite, meus pensamentos me destroem por dentro.
Os pensamentos não se calam, são perguntas atrás de perguntas.
As duas que não falha uma única noite sequer, são:

1º E se Deus ficar magoado comigo?
Até que um dia dessa semana, fiz uma oração muito sincera, dizendo a Deus que desde criança, quando eu morava na casa dos fundos da casa da minha avó paterna, eu já sabia que algo em mim era diferente, eu já sabia que eu não era como as outras garotas, eu só não tinha toda a informação que eu tenho hoje,porque na época não tínhamos internet, não tínhamos informação, não tínhamos uma pessoa de mente aberta o suficiente para poder sentar e conversar comigo.
Não existia nada que pudesse ser feito a não ser esperar o tempo passar.
Disse a ele que eu sou a mesma pessoa que ele me colocou no mundo, que sou muito grato pela vida que tenho, pela família, pela saúde, pelo emprego e por todas as suas bençãos, que gostaria que ele não achasse que estou mudando o corpo que ele me deu talvez para mostrar que eu posso fazer o que eu quiser ou porque estou brincando de ser Deus também, não, jamais minha intenção é ser ele, mais do que ele ou igual, jamais penso em desrespeitar suas regras, eu quero apenas fazer algumas alterações para que eu consiga viver bem, consiga viver com paz de espirito, consiga viver com a alma leve e quero fazer essas alterações para o meu bem e que nada disso mudará minha fé e amor por ele e espero que seu amor por mim também não.
Mudar as documentações e tirar os seios já basta para mim, são sonhos que quero conquistar que por enquanto estão longe de realizarem, mas não significa que deixarei de sonhar.
Falei para ele que ele pode sentir no meu coração, com toda a sinceridade que existe, não pretendo fazer mal para ninguém, não pretendo matar, roubar, abusar, não pretendo fazer nada que prejudique o próximo, muito pelo contrário, pretendo ajudar sempre que eu puder, estiver ao meu alcance, sempre que eu ter oportunidade, porque eu realmente acredito, que no fim o amor vencerá.
E por fim, pedi a ele ajuda, para continuar sendo forte, porque quando o telefone toca dentro da minha casa e me perguntam quem está falando, eu tenho que pensar no que vou responder, se sou eu mesmo, o Pedro ou se é a personagem Priscila, porque todo mundo no meio corporativo já me conhece como Pedro, mas não sei se aqui em casa eles já estão prontos para ouvir isso e sinceramente acho que não estão prontos e nunca estarão.
Ou quando um atendente da SKY estava instalando um ponto de tv na casa da minha tia no apê de cima, olhou pela janela e me chamou de Pedrão, a primeira coisa que pensei é se meu pai estaria em casa e teria ouvido, quando lembrei que não estava, fiquei mais aliviado e falei com ele de boa.
Sei lá, é muita coisa ao mesmo tempo, é de deixar qualquer um louco.

E a segunda pergunta que não me deixa em paz, é sobre a minha mãe.
Fico me perguntando se ela está pronta.
Se o nosso relacionamento vai mudar quando eu mudar os documentos.
Se vai mudar quando eu tirar os peitos.
Pq não existe ninguém no mundo, mulher nenhuma que eu ame mais do que ela.
Então muito me preocupa se o nosso relacionamento, depois de ter passado por tantas tempestades pode resistir a isso.
Pq eu não quero mais brigas, não quero mais distância entre nós.

Também me pergunto se eu fizer isso vou acabar me tornando o homem que os dois daqui de casa se tornaram, eu não quero ser como eles. Não posso mudar o que eles se tornaram, nem aceitar, mas posso respeitar e isso eu faço, mas isso não significa que quero ser como eles, quero ser completamente o oposto!
Eu quero ser um homem com coração, com sentimentos, que sabe compreender as pessoas, uma mulher, as crianças.
Eu quero ser um homem que esteja presente para a família não só no natal e ano novo, mas em todos os momentos.
Eu quero ser aquele cara, que quando se lembrarem de mim, lembrarem com um sorriso no rosto, do tipo "O cara era gente boa pra caramba."
Eu quero ser um cara que tem bastante paciência.
Eu quero ser um cara que coloca a família em primeiro lugar.
Eu quero ser um cara que jamais vai trair a namorada ou levantar a mão para uma mulher.
Quero ser o cara que ajuda nos deveres de casa, porque a obrigação não é só da dona da casa.
Quero ser um cara que esteja sempre disponível para ajudar quem precisa.

Quero ser um cara forte, como os meus primos Serginho e Gabriel são.
Sempre lembro do enterro da minha avó, enquanto eu estava desmanchando em lágrimas, lá estavam eles firmes e fortes, não mostraram abalados, sei que lamentaram a morte dela de verdade, mas eles não estavam com falta de ar, não estavam chorando a ponto de sair meleca pelo nariz, não estavam tão ruim como eu estava, sim, eu tinha mais contato, morava com ela e tudo mais, mas eu não consegui ser forte para dar forças para a minha mãe, eu não estava do lado dela para segura-la quando ela quase caiu para trás ao ver o corpo da vó no caixão.

Eu tenho medo de mudar sim.
Eu não estou dizendo que em corpo de mulher eu sou uma pessoa melhor.
Ou que sou "perfeita", longe disso, pq não existe humano perfeito.
Muito pelo contrário, tenho bilhões de defeitos.
Mas na vida tenho conhecido tanto tipos de homens que traumatizei, entende?
Sim, traumatizei sim, não sei explicar, mas tenho esse medo, de mudar e de não me suportar.

Mas sabe, ainda bem que tenho tido muita paciência.
Eu tenho dito as pessoas que cada um tem o seu tempo para se adaptar a minha nova identidade, pq eu entendo de verdade que existe ainda uma grande dificuldade nisso, mas é que as vezes me pego pensando no fato de que eu não acho que essas pessoas estejam pelo menos tentando.
Achei que quando a avó morresse eles conseguiriam, pq o "problema" era ela, mas errei.
Os meus primos que vem aqui em casa em alguma visita, me da a sensação de que eles não me chamam de Pedro por causa da minha mãe, não querem magoar ela e eu entendo isso porque quando eu converso com ela, eu falo no feminino, quando vou contar alguma história do trabalho, eu conto como se tivessem me chamado de Priscila.

É que sabe, ela é a minha mãe, a mulher que mais amo em toda a minha vida.
Como eu poderia magoa-la?
Não estou dizendo que ela é fraca demais para admitir que tem um FILHO.
Estou dizendo que deve ser bem mais difícil para as mães que carregam na barriga seus filhos por meses, cria na mente uma vida inteira, faz planos e tudo mais e de repente tudo esta mudado, tudo está ao contrário, do avesso, sabe?
Acho que aqui em casa, será o último lugar no mundo que conseguiremos adaptar, mas sinceramente, não tem tanto problema, pq graças a Deus eu tenho amigos que já conseguiram se adaptar, graças a Deus eu tenho um emprego onde todo mundo já se adapta e o mais engraçado é que nem me chamam de Pedro, é Pedrão e eu acho engraçado porque eu sou baixinho, gordinho, e eles vem "O Pedrão, vamos tomar uma cerveja amanhã?" ou "O Pedrão, caralho, vc fuma pra porra hein."
Lembro que desde que assumi pra família, eu esperava que nos meus aniversários no final da música, em vez de Priscila, Priscila, Priscila, seria Pedro, Pedro, Pedro.
Mas o tempo passou e eu parei de esperar por isso, pq vejo que as pessoas precisam de mais tempo.
No fim das contas, acho que muito mais de tempo do que eu possa imaginar.
Talvez, pessoas como meus pais, por exemplo, nunca vão se adaptar nessa vida, mas não tem problema, eu não quero machucar ninguém, só quero paz, sabe?

Uns dias atrás pensei em como deveria ter pego um mês de férias, talvez eu teria tido um pouco mais de tempo para fazer o que eu queria, mas a verdade é que 15 dias é suficiente, porque querendo ou não, ficar aqui em casa vestida nessa personagem que já deveria ter morrido faz tempo, me faz mal, faz mal pra minha saúde, pra minha alma, inclusive, já até o sono estou perdendo com essas perguntas sem respostas que ficam na minha cabeça.

Vocês devem estar pensando, porque eu não sento com a minha mãe e converso com ela sobre isso.
Acho que pelo mesmo motivo que ela não faz isso.
Eu não consigo, as palavras não saem, é uma sensação muito forte de que se eu falar, as palavras ao saírem da minha boca, se tornariam balas atingindo, mesmo ela já falando que aceita minha nova identidade.
Sei lá, é tudo muito louco mesmo e eu ainda não sei lidar com as coisas direito.


Mas não posso reclamar, como disse, no meu trabalho todo mundo já me reconhece como Pedro.
Tenho amigos que já me reconhecem como Pedro.
Uso cuecas sem que ninguém reclame disso.
Deixei para trás todas as roupas femininas.
Por mais curto que seja o nosso passo, um dia, a gente sempre chega lá.

E qual é a conclusão disso tudo?
Meu psiquiatra me mandou procurar um terapeuta kkkkkkkk.
Quem sabe quando a situação financeira melhorar.

Vamos apenas dar tempo ao tempo, sabe?
Enquanto isso, nada que 20 gotas de revotril não resolva, certo?

Enfim, para quem leu até aqui, obrigado por ler meu desabafo.
Eu precisava faz isso.
E infelizmente a noite já chegou, daqui a pouco começa a barulheira dentro da minha mente.
A parte legal, é que até umas 23hrs vou me distrair com seriados e depois remédio e dormir.
Ainda bem que ainda consigo disfarçar quando não estou muito legal ou pelo menos acredito que consigo rs.

A luta pela paz de espirito, ninguém disse que seria fácil, não é mesmo?
Ah!
Antes de finalizar, deixo aqui meus agradecimentos, meu primo Serginho falou outro dia comigo via whats no feminino comigo, algumas horas depois ele mandou outras mensagens, pedindo desculpas por isso, que ele logo vai conseguir se adaptar sim.
Ser, se por algum milagre vc ler isso, saiba q vc tem o tempo que precisar.
Sem pressa.
Pelo menos vc me aceita.

Um grande abraços a todos que ficam.
E aos poucos leitores que restaram rs.

Pedro.