segunda-feira, 11 de junho de 2018

Vamos falar sobre a transexualidade! (+18)


Boa noite amiguinhos.
Como vocês estão?
Eu disse que estava de volta, não disse? Pois ai vai mais uma postagem.
Mas antes, quero alerta-los: Se você é o tipo de leitor que tem aqueles mimimi que nem a minha mãe que tem post meu que é vulgar demais, pare aqui mesmo, pois hoje vou falar de coisas de adultos.
É sério, dessa vez, sem imagens, mas vou meter o pé na jaca ao falar de sexo.
Se decidiu? Mimimi: Fora. Caso contrário, desce sa porra ai e continue lendo!

Bom, primeiro vou contar o que aconteceu para depois explicar como foi que eu acabei o dia extremamente chateado.

Ontem eu fiquei com uma garota no role, prefiro não identifica-la ainda, eu a conheço faz alguns anos, é gente boa, bonita e simpática. O que era para ser só uma cerveja, acabou em um amasso bem pesado pra caramba, foi legal? Foi, muito. Foi divertido e gostoso, pelo menos pra mim foi.
E ela me convidou para ir na casa dela, por mais lerdo e imbecil que eu seja, nós sabemos o que significa e todos nós sabemos também que eu tenho um problema enorme com o meu corpo, uma guerra sem fim dentro de mim, da minha mente, que eu luto diariamente.
E passei o dia pensando muito nisso, em como falar sobre isso com ela, porque eu não queria que ela pensasse que estou inventando uma desculpa ou que sou o tipo de cara que peguei e pronto, se manda, pq não é assim que funciona, mesmo que não role mais, eu sempre fui a favor da sinceridade total, mesmo que isso cague no lance.

Ai eu conversei sobre isso com algumas amigas minha, que me conhece há uns 12/10 anos.
Conversei com a minha amiga do trabalho também e uns colegas.
E eu estava falando com essa amiga que desse grupo é a que me conhece há mais tempo, na verdade, de todas as pessoas com quem falei hoje, ela é a que me conhece há muito mais tempo, literalmente, se eu for fazer as contas, diria que me conhece há uns 14 anos, eramos muito novinhos quando nos conhecemos, ela ainda estava na escola e eu entrando pra faculdade, então achei que ela, de todas as pessoas, entenderia o que eu estava tentando dizer e foi nessa conversa que percebi que ainda falta MUITA INFORMAÇÃO, sobre a transexualidade no mundo e que são poucas as pessoas que estão abertas para entender.

Afinal, o que rolou nessa conversa que te levou a este pensamento e te deixou chateado? Você deve estar pensando, não é mesmo?
Eu expliquei para ela que eu ainda não consigo fazer sexo com esse corpo que tenho. 
Eu sei que eu tenho minha prótese peniana o que facilita por um lado, mas eu odeio os meus peitos, eu não vejo a hora de tira-los, claro que não vai ser esse ano porque eu não juntei 15 mil e eu não tenho mais férias esse ano e nem posso me afastar novamente, mas eu estou com os meus 2 pés no chão, eu sei esperar a minha hora chegar, não importa que isso demore 1, 5, 10 ou 20 anos, não importa que eu só consiga fazer isso quando tiver 70 anos, mas só o fato de ter a liberdade de tirar a camisa em um dia de calor, só o fato de não precisar mais usar sutiã e tops, será minha cartada final, meu último desejo, então, não me importo de esperar, mas o fato de q estou esperando, não significa que eu goste deles ou que alguém pegue neles, se alguém toca-los, acho que sou capaz de levantar e ir embora deixando a garota lá sozinha, sim, eu chego a este ponto sim.
Achei muito legal essa garota que eu estava ontem ter perguntado antes de poderia pegar, obviamente eu disse que não e ela respeitou, mas me pergunto e se estivéssemos em outra situação? Em uma situação mais intensa, em um lugar mais reservado? Ela teria se controlado? Outras garotas se controlariam? Porque quando vc esta em um momento assim, vc não pensa direito, vc só vai agindo, dançando conforme a música.

E ai falei para essa minga amiga que eu consegui lembrar porque eu estou há tantos anos sem namorar, pq eu sabia qual era o meu limite, mas não sei dizer como foi que aconteceu e eu me esqueci, acho que o fato de eu estar tanto tempo fora do jogo, fez com que eu me esquecesse quanto tempo eu consigo me manter no jogo e o que aconteceu ontem me trouxe a tona o motivo de eu não estar jogando, de eu estar no banco de reserva tempo suficiente para ter minha bunda marcada no banco. Crente de que ela entenderia, o que ela disse foi como um soco na cara.
Ela disse para eu ir em frente, deixar ela pegar neles que vai que eu sinta tesão e foi ai que percebi que ela não me conhece mais, não sei se quer conhecer, na verdade, não sei nem se a população brasileira quer aprender sobre o que é de fato ser um transexual.
O meu corpo é de mulher sim, óbvio, mas a minha alma, a mente, tudo dentro de mim não é.
Sem falar que sexo não é só a penetração e pronto, é todo um jogo de preliminares tbm, qualquer um sabe disso, bom, pelo menos qualquer um acima de 18 e atualmente, a garotada acima dos 12 já estão sabendo também, se bobear, com 10 já sabem mais do que eu rs.
Mas é uma coisa dentro de você que te trava, não te deixa ir em frente por mais que você queira, simplesmente não da, não funciona assim e eu não posso culpar ninguém que queira tentar um relacionamento comigo, porque o problema nunca é e nunca será a outra pessoa, sou eu, porque eu não fui atrás ainda daquilo que eu quero pra mim, pq eu não terminei ainda essa guerra contra mim mesmo, pq as coisas ainda não estão como deveriam estar, eu continuo perdendo as batalhas todos os dias, por mais que, por exemplo, a gene conversasse e ela fala que entende e que não vai toca-los, mas vai ficar na minha mente barulhenta aquela pertubação infernal tirando a minha concentração, não que eu não confiaria na promessa dela, mas é algo meu que eu não sei explicar mais do que isso.
Mas sei que falta muita informação, no Brasil, no mundo, na família, na roda de amigos.
Eu sou o tipo de trans que gosto de ensinar aquilo que eu já sei, pq não posso dizer que sei tudo, ninguém nunca sabe tudo e de vez em quando sempre tem um aprendizado novo, mas eu não sei se as pessoas querem aprender, todo mundo com que falo sobre isso, as frases deles sempre acabam com "Ah mano, para isso com isso, larga de frescura e vai lá", eu até cheguei a achar que ninguém entenderia, mas a Bruna entendeu, glória né, pq achei que ninguém ia entender.
A Letícia, outra grande amiga de época já, também acho que vai entender, ela não viu as minhas mensagens ainda, deve ter tido um dia bem corrido, mas parte de mim acredita q ela entenderá.

É uma pena que pessoas próximas a mim não entendem e não demonstram interesse em aprender.
Mas quem tem ou teve uma vida sexual ativa sabe muito bem que o sexo não resume na penetração, para nós, homens trans, não é só pq a gente pode colocar a vértebra dentro do packer que ele fica duro que é mais fácil transar, não, não é, não funciona assim, sua mente tem que estar no lugar, você tem que estar no lugar, tem que saber o que esta fazendo, tem que estar a vontade, se não, você sai como o cara que faz sexo ruim ou não sabe transar, pq sejamos sinceros, a culpa no sexo é sempre do homem, inclusive, quando ele broxa e para quem acha que homens trans não broxam só pq o packer é de borracha, esta muito enganado, sim, isso acontece e é normal.

Só acho que as pessoas deveriam abrir mais a mente.
Estar aberto para aprender, o mundo esta sempre evoluindo, coitado daquele que fica para trás sem se atualizar sobre a evolução do mundo.

A transexualidade não é uma escolha e nunca foi.
Assim como não é uma escolha as mulheres serem lésbicas, homens gays ou ambos bi.
Assim como não é uma escolha ser alto ou baixo, branco ou negro.
É o que é e ponto final, você pode esconder sua sexualidade, por exemplo, por causa dos seus pais, mas isso não significa que você deixou de ser homossexual.
Assim como você não escolhe ser heterossexual, eu por exemplo, tentei por anos e anos ser uma mulher hetero, vivi e agi como uma, fiquei com alguns garotos, mas desde o começo eu sabia que era uma batalha já perdida e levou, sinceramente, 18 anos para eu desistir e aceitar que gosto de mulheres e levou quase 26 anos para eu desistir e me assumir como trans, hoje tenho 31 anos e ainda tenho problemas de aceitação e não me diga para fazer terapia, eu fiz, não que eu tenha desistido pq não funciona, pelo contrário, a terapia me fez enxergar o mundo de uma maneira que eu não conseguia, mas essas porras de convênio sempre só liberam 6 consultas, até o terapeuta começar a te entender, as consultas acabaram, não vale apena, mas aprendi muito e sim recomendo para os que estão se descobrindo agora, ajuda, sério.

Eu já não tenho mais o que falar, a internet é um mundo enorme de informações, as pessoas podem me perguntar as coisas que eu respondo de boa, mas não posso forçar ngm a querer aprender, aprendizado é algo que a pessoa queira adquirir e um dos motivos que criei esse blog é esse, ensinar as coisas sobre a transexualidade, desabafar nessa página pq no fim, exatamente no fim, ngm me entende e tbm dividir com os que ainda leem esse blog, as coisas que vão acontecendo no meu dia a dia.

Qualquer ser humano tem um limite. Mesmo não querendo admitir, todos tem um limite.
E o meu limite, nesse assunto em questão, é onde cheguei ontem.
Por mais que eu queira, no momento, não posso seguir adiante, não assim, não desse jeito.
E acho que quando a gente descobre nosso próprio limite, aceita ele e aprende a esperar a hora certa, é a hora que podemos bater no peito e falar que realmente nos tornamos adultos, pelo menos, nesse assunto, a gente se torna adulto sim.
E mesmo que o fato de eu esperar ganhar essa guerra que parece infinita signifique eu morra solteiro, isso não me importa, isso não me faz mudar de ideia, pq a verdade é que eu preciso primeiro estar bem comigo mesmo, estar em paz, para depois eu estar pronto para não só transar com alguém, mas para ter um relacionamento, poder cuidar da pessoa, dar carinho, amor, como disse um amigo meu uma vez, um relacionamento é uma troca, um só não pode amar por dois, não tem como e eu acho completamente injusto quando isso acontece, pq as duas pessoas merecem amor, merecem carinho, atenção, companheirismo, cumplicidade, nunca um só.

Não sei se algum leitor vai entender o que eu quis dizer.
Não sei se algum leitor vai concordar com tudo o que eu disse.
E sei menos ainda, se algum leitor estará aberto a debate.
Mas preferi desabafar, até pq lê quem quer, não é mesmo?

E garota de ontem, não ache que escrevi isso como indireta ou desculpa.
Eu precisava desabafar sobre isso, estava me tirando o ar já.

Enfim, espero não ter espantado ninguém, se bem que se eu espantei, foda-se, vou continuar escrevendo aqui por um bom tempo.
Afinal, temos o tempo do mundo, embora a vida seja mais breve do que imaginamos.
E vamos seguindo dia após dia, eu tenho esperança de que um dia virei aqui contar para vocês que eu finalmente encontrei a porra da paz que eu tanto almejo.

Mas antes de julgar, lembrem-se, ser transexual no Brasil, no país que mais mata transexuais no mundo, não é nada fácil, assumir em uma família completamente religiosa, é mais difícil ainda.
Me lembro de ter pensando que o povo de casa aproveitaria que a vó tava internada e me chamar de Pedro e me tratar no masculino, para irem se adaptando para a nova realidade que esta por vir, isso não aconteceu, mas pelo menos aprendi, que pelo menos o povo aqui de casa não importa, eles podem me tratar como quiserem, afinal, são 32 anos de convivência, não posso culpa-los se nunca conseguirem, muito pelo contrário, eu aceito isso, podem ficar tranquilos, não ficarei bravo nem nada, é um sentimento que não sei explicar o que é, mas ele se resume em um "Ei tudo bem que vc não consegue, vamos em frente." Pq assim como eu tenho o meu limite, o povo de casa tbm tem.

É...Acho que estou amadurecendo rs.
Só que se amadurecimento não for isso, então desistam, porque não vai acontecer rs.

Enfim falei demais já né.
Se você chegou até aqui lendo tudo, obrigado viu.
É um prazer te-lo como leitor.

Tenham uma boa noite.
Que Deus nos abençoe, protege e cuide.

Um abraço apertado.

Pedro.
  

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