terça-feira, 24 de julho de 2018

C.U.L.P.A


Boa noite amiguinhos.

Lá se vai mais um post triste.

Hoje indo trabalhar chorei quase que o caminho inteiro.
Chorei por não ter chegado tarde demais.
Chorei por não ter insistido em ir às consultas com a minha avó.
Chorei por não ter insistido que ela fizesse os exames, por não ter insistido em se cuidar.
Chorei por não ter me intrometido tanto na vida dela como eu deveria ter feito.
Talvez, se eu não tivesse chegado tarde demais...
Talvez se eu tivesse prestado atenção em todas as aulas quando cursei em enfermagem, poderia ter cuidado dela.

Se eu não tivesse um coração tão ruim, não fosse tão maldoso.
É uma culpa minha só minha e ninguém vai me tirar.
Falhei miseravelmente todos os dias desde que ela recebeu alta até esse último domingo.
Dia e noite, um após o outro.

E agora ela está na UTI sem sabermos se ela vai sair dessa e se sair, sabendo que no fundo, no fundo, continuarei falhando miseravelmente, porque tem coisas que nunca irão mudar, vou mentir pra que? A gente faz mil promessas a nós mesmo que seremos melhores quando as coisas melhorarem, mas nossas palavras deixaram de ter valor há muito tempo.
Após a inalação de hoje à noite, fui ao banheiro e chorei mais um pouco.
Que vida é essa que não se pode mais sair de casa sozinha? Tomando vários remédios todos os dias, indo quase todos os meses do último ano para o hospital? Já não bastava a droga do câncer? Não podia ser o suficiente?

Entreguei nas mãos de Deus, se ela tiver que ir, que vá descansar com ele, ela merece muito.
Da minha culpa cuido eu, nenhuma ferida que não possa ser fechada ao passar dos anos.
Encerro, meus caros leitores, pedindo que coloquem ela em suas orações, que seja feita a vontade de Deus e que não percam o tempo de vcs tentando me fazer acreditar que a culpa não é minha, sempre foi, sempre será. Eu sou todo o mal transformado em humano dentro dessa casa, então me deixem.

Fui eu quem chegou tarde demais.

Abraços,
Pedro.

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