domingo, 28 de junho de 2020

28 de junho! POST GIGANTE SOBRE ESSE GRANDE DIA!

Por que 28 de junho é o Dia do Orgulho LGBT – Portal Aberje

Boa noite galera!
Como vocês estão?
Bom, eu, o único "ícone" trans assumido da empresa, da família e talvez da minha rede de amigos, como eu poderia deixar esse dia passar e não falar nada?
Vai além de uma obrigação.
Por muitos e muitos anos, o lgbt vem sofrendo preconceitos, agressões físicas e verbais e até a morte, simplesmente por ser quem somos.
2019 anos se passaram, 2020 daqui a pouco ficará no passado também e mesmo tantas décadas passadas, o preconceito infelizmente ainda existe em muitos lugares, em diversas partes do mundo, em uma quantidade que você não pode imaginar.
Amigos, não é só pq não é passado no jornal toda vez que acontece que significa que o preconceito acabou, pq não acabou, está longe de acabar.
Quer um exemplo vivo que ocorreu em pleno 2020?
Pois bem, antes da pandemia eu estava em um bar aqui perto de casa, com uma amiga do trabalho, estávamos bebendo e conversando numa boa, sobre diversos assuntos, já estava bem tarde e junto com a gente ainda tinha tinham mais 2 mesas, uma na nossa frente, a outra um pouco atrás da gente.
E o atendente foi até essas duas mesas e perguntou se podia trocar o copo deles por copo de plástico, para ele ir adiantando a louça que tinha para lavar, mas que eles podiam continuar bebendo tranquilamente.
Quando ele chegou na nossa mesa, esse mesmo rapaz disse para irmos beber em outro lugar que ele ia fechar o bar. Minha amiga então confusa, perguntou porque as outras mesas podiam ficar e nós não.
O cara me olhou de lado e depois disse que não queria encrenca, nem confusão, que só queria que a gente fosse pra outro lugar beber e entrou pra buscar a maquininha do cartão.
Minha amiga ali sentada, parada, confusa não estava entendo muito bem, enquanto eu juntava nossas coisas, tipo celulares, cigarros, blusas, etc.
Quando eu terminei vi que ela ainda não tinha se mexido, então eu lancei logo pra ela:
"X, ele veio nos dizer isso logo após ter me visto entrando no banheiro masculino aqui do bar. Não entende que o problema sou eu? Desde que ele me viu entrando lá, ele só tem me dado patada toda vez que falo com ele para pedir uma cerveja ou algo assim. Então relaxa, se não me querem aqui, não ficarei, vamos pagar e ir embora."

Ela entendeu, mas me arrependi de ter explicado, pq ela ficou muito furiosa.
Muito mesmo.
Quando o rapaz voltou com a maquina de cartão, achei que ela ia fazer ele engolir a máquina, de tão brava que ela estava, ela começou a questionar, falar algo, brigar com o cara e veio então o dono do bar para saber o que estava acontecendo, mandou o atendente entrar e pediu não sei quantas desculpas, ela pagou a parte dela, eu a minha parte e enquanto pegava nossas coisas para ir embora, o atendente voltou e já foi tirando a mesa e a cadeira.
A briga começou tudo de novo.
E ela me olhou como quem perguntasse se eu não ia falar alguma coisa.
Eu respondi com uma cara de quem falava que não adiantaria absolutamente nada.
O dono lhe deu uma latinha de Skol estupidamente gelada.
Eu achei abuso ela aceitar, mas quem sou eu pra dizer isso?
O dono pediu mais não sei quantas mil desculpas e disse que na próxima vez que voltássemos, uma rodada seria por conta dele.
Não posso dizer que nunca mais voltamos, pq a pandemia começou e o mundo mudou.
Antes dela entrar no Uber ela me perguntou pq eu não falei nada, não fiz nada.
E eu só expliquei que estou extremamente cansado de lutar uma guerra que não tem fim. Que conforme vamos ficando mais velhos, amadurecidos, aprendemos a avaliar a situação antes de avançar, simplesmente tem batalhas que não valem apena o sangue no chão.
Que não vale apena o estresse, a chateação, que com o tempo, a gente acostuma.
Com o tempo, tudo passada.
Como aquela noite, por exemplo, ficaria apenas na memória de um passado triste e esquecido.

Querem outro exemplo?
Uma pessoa que conheci, que não considero amigo, nem nada do tipo, um dia me disse que ser trans é uma escolha, que a gente escolhe se quer ser trans ou não, se quer passar por todo esse sofrimento ou não, que tudo na vida é uma questão de escolha.
Que se é tão difícil assim viver sendo trans em um mundo como esse, basta apenas viver a vida com o sexo que temos no corpo.
Como se fosse simples.
Como se fosse...SIMPLES!
Como se realmente pudêssemos escolher.
Quem escolheria ter uma vida cheia de preconceitos onde você tem que lutar 3x mais para ter o mesmo direito que uma pessoas cisgênero?
Quem escolheria uma vida que você tem que deixar trancada no armário pq as pessoas não entendem?
Quem escolheria uma vida em que vc é julgado pela maneira que vc vive, por quem vc ama?
Ama!
Quem escolheria uma vida na qual você está marcado para morrer só pq ama alguém do mesmo sexo?
Quem escolheria uma vida na qual você está marcado para morrer só pq o sexo da sua alma não é o mesmo sexo que do seu corpo?
Quem escolheria uma vida que vc é julgado por gostar de homem e mulher ao mesmo tempo?
Quem escolheria uma vida tão triste?
Tão triste que muitas pessoas chegam a se suicidar por não aguentar mais a dor diária arrebentando seu coração?
Chega a ser ridículo.
Então alguém me disse, alguns meses depois, que ele não está passando por uma fase boa, eu não senti nada, absolutamente nada e achei isso ótimo, pq não senti raiva, ranço ou ódio.
Não desejei nada de ruim a ele.
Apenas, que de alguma maneira, que ele aprenda com a vida, de que nós, LGBT somos exatamente normais, como qualquer outra pessoa, merecemos todo o amor e carinho como qualquer outra pessoa.
De alguma maneira, lhe desejo muito aprendizado.
E isso meus amigos, é amadurecimento.
Demorei, mas acho que estou chegando lá, amadurecendo.
E isso é bom, é ótimo.

Eu espero, do fundo do coração, que vcs continuem lutando, eu continuarei por aqui, do meu jeito, mesmo sentindo que minha identidade está sumindo, lutarei por aqui.

Eu espero, do fundo do coração, meus amigos, que vocês se assumem literalmente, eles não são melhores do que nós para nos manter dentro do armário.
E quando as coisas ficarem apertadas, respire fundo e continue lutando.

Lembrem-se sempre que a liberdade que temos hoje, foi porque outras pessoas lutaram um tempo atrás, outras pessoas tiveram coragem suficiente para sair do armário, assumir ser quem, vestir a camisa e ir pra batalha.
Lembrem-se que nem todos voltaram vivos dessas batalhas, dessa guerra.
Mas se pudessem voltar no tempo, teriam feito tudo de novo, pq sabiam que estavam lutando por um bem maior, pelo futuro do seu povo.
É nosso dever preservar esse legado.
É a nossa obrigação continuar essa luta.
Sair do armário, vestir a camisa e ir a luta.
Lutarmos sem parar, até que preconceito seja apenas uma palavra sem sentido, sem cor alguma.
Seja apenas uma palavra vazia.
Podemos não voltar vivos, mas para a próxima geração, tenho certeza que será, como eu posso dizer...
Eles terão um pouco mais de liberdade do que nós temos hoje.
E eles vão olhar pra trás com sorrisos gigantes agradecendo por termos lutado.
Assim como eu olho para trás com o coração cheio de orgulho, com os olhos cheios de lágrimas, sempre agradecendo, por todos aqueles que lutaram.
Por todos aqueles que tentaram.
Não é fácil, eu sei disso, faz 4 anos que me assumi como trans e minha vida ainda esta de cabeça para baixo, minha família não respeita a minha identidade de gênero, mas ngm disse que seria fácil, enquanto eu luto aqui, vc luta ai e se morrermos lutando, não tem problema, pq a próxima geração poderá desfrutar da vitória que um dia será tão grande que ngm vai acreditar.

Apenas, não desista.
Eu sei, é difícil, é doloroso, as vezes tombamos e não queremos levantar.
Mas é preciso.
É necessário.
É urgente.
O futuro das crianças lgbt do amanhã, depende das nossas atitudes do hoje, do agora e acima de tudo, do sempre, sempre em combate.

Não desista, meus amigos.
Não hoje.

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