sexta-feira, 19 de junho de 2020

E no fim, quem eu sou?



Boa noite amiguinhos.
Como estão vocês nessa situação triste de isolamento social e pandemia?
Eu espero que bem e principalmente que estejam se cuidando.
Eu estou bem, minha família, graças a Deus está bem também.

Faz uns dias que estou pensando sobre algo.
Não lembro que dia que foi, acho que foi segunda-feira, que fui na empresa resolver alguns detalhes.
E antes de ir embora chamei uma colega para fumar, fazia tempo que a gente não conversava e toda vez que vou para a empresa acabo falando com outras pessoas, que dessa vez fiz questão que fosse ela.
Fomos para a praça, sentar no banco, fumar e conversar um pouquinho, já que ela estava em horário de almoço.

Eu não lembro qual foi a conversa, não lembro mesmo, sou muito ruim da memória.
Mas lembro que no meio da conversa eu percebi que eu estava referindo a mim no feminino, enquanto ela me olhava com cara de quem tentava entender.
Então logo eu disse que estava falando no feminino pq é assim que me tratam em casa.
Acho que ela entendeu, espero que sim, eu não sabia explicar de outra maneira.

 O que estou querendo dizer é que eu entendo de verdade que estamos lidando com um inimigo invisível que está matando metade do mundo sem tempo de despedida e que eu deveria agradecer por estar vivo e com saúde em vez de reclamar, sim, eu agradeço todas as noites para Deus pela vida e saúde, não só minha, mas dos meus amigos e família.
Mas esse isolamento social está me dando a sensação de que tudo está sendo perdido, sabe?
Tudo o que lutei e venci.
Tudo o que conquistei no suor e nas lágrimas.
Fica parecendo que coloquei a vida no automático, simplesmente por não suportar a derrota.
Sinto como se eu tivesse sumindo, desaparecendo e aquela personagem que criei quando era mais novo voltando a ter vida.
Eu sei que você deve estar pensando "Tome posição, exija que respeitem sua identidade"
Mas galera, família é muito mais complicado do que se pode imaginar, principalmente quando o sentimento que vc tem por eles é muito grande e não quer magoar ninguém, forçar ngm e sim, eu prefiro que todos estejam bem, numa boa, do que eu.
Não podem me julgar, todo mundo tem um grande defeito, porém, poucos assumem ele publicamente.
Ainda bem que pelo menos 1x por semana consigo arrumar um motivo para ir para a empresa, onde todos me tratam como o homem que eu sou.
Ainda bem que no whatssap tenho amigos que me tratam como realmente sou.
E tenho algumas pessoas especiais que não me deixam esquecer quem sou.
E não, eu não tenho dúvida de quem eu sou, mas é bem difícil manter duas identidades, duas vidas.
Mais difícil do que eu poderia ter imaginado.
Mas no amor, existem sacrifícios. Já te falaram isso? Pois é.
Enfim, sei quem sou, tenho certeza de quem eu sou, apenas estou ficando fraco novamente, para lutar contra uma sociedade, contra pessoas que não conseguem entender o que é ser trans, a importância de usarem o pronome certo, a identidade real.
Mas não estou preocupado, eu já estive fraco antes e me levantei.
Me levantarei novamente quando for a hora.
Podem ter certeza, pq simplesmente não pode acabar assim essa história.

E para finalizar, sim, de novo escolhi um por do sol para postar aqui.
Eu sou completamente apaixonado pelo por do sol.
Espero que antes da vida acabar, eu encontre junto ao mar novamente.
Com aqueles ventos gostosos.
Ele sempre renova minha esperança.
Mas em grande parte das vezes, ele me ajuda a aceitar o que eu não quero.
Aceitar o fim.
Aceitar o quase.
Aquilo que poderia ter sido e não foi.
Talvez por covardia.
Talvez por forças maiores.
Talvez por mil e um motivos.

Ah!
Como eu amo o por do sol junto ao mar...

Pedro.

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