POST Nº 100 - A FORÇA DO QUERER, É CLARO!

Boa noite pessoas.

Como não falar sobre o capítulo de hoje carregado de intensas emoções?

Lamento muito que a novela esteja em sua reta final, mas ao mesmo tempo agradeço muito, mas muito mesmo, aos atores que fizeram seus papéis muito bem e principalmente quem escreveu a novela e teve cara e coragem de abordar um tema tão polêmico nos dias de hoje e a globo que parou de mimimi e deixou ir ao ar sem muitos cortes, em horário nobre e estou feliz por ter visto todos os capítulos até aqui, tenho a certeza absoluta, embora não admitam, que tocou um pouco cada pessoa que não conseguia entender, compreender e aceitar a transexualidade, embora eu tenho vários livros publicados, eu não teria feito melhor, mas eu já disse isso varias vezes, mas vale reforçar sempre.

Enfim, vamos ao x da questão.

O Ivan passou a novela inteirinha tentando se entender.

Depois que ele conseguiu ele passou a novela inteirinha lutando para ser reconhecido como homem transgênero e a novela inteirinha foi rejeitado pela família inteira, quer dizer, salvo pela super prima Simone, a Silvana e os amigos Nonato e Biga. Ah! E não posso deixar de citar o transgênero Tarso que fez algumas participações na novela e virou amigo do Ivan.

Nunca conseguiu ser reconhecido pela família, por mais que tentou explicar, pedir, ensinar, nunca tinha conseguido e ai o que acontece?

Ivan é espancado por homofóbicos.

Minha mãe que estava assistindo a novela comigo, disse que ele deveria ter saído correndo ao invés de virar e mostrar o dedo do meio para os caras.

Bom, citando uma amiga minha, a Letícia, tem casos de pessoas que não reagiram e mesmo assim apanharam, mesmo assim foram espancados e alguns até morreram.

As vezes, os agressores estão tão cegos pelo ódio a diversidade, que a vítima pode correr uma maratona inteira a procura de ajuda se quiser, mas se ele estiver determinado, vai te alcançar e vai te pegar de qualquer jeito e vai te ferir até que alguém o pare, até q ele se sinta satisfeito ou até que o mate, me chamem de dramático, mas é a verdade, a realidade de hoje é exatamente essa!

Eu já ouvi algumas coisas por ai, acho que foi assim que aprendi a ter audição seletiva, nunca apanhei na rua não, até pq eu nem tenho, infelizmente, uma aparência masculina ainda, mas eu não entro em um banheiro público masculino, pq eu nunca sei quem eu vou encontrar lá dentro ou lá fora quando eu sair, uso o feminino em lugares públicos, apesar dos olhares, dos pensamentos "Era o que faltava, uma sapatão entrou no banheiro", é preciso, embora doa, optar pelo caminho mais fácil, pq a verdade é que a vida é mais frágil que um copo de vidro, uma palavra errada, um olhar pra direção errada e você esta morto e sim, este é o mundo em que vivemos e sempre iremos viver, pq se em pleno ano de 2017 ainda temos que lutar contra o racismo, que é uma luta que vem se arrastando por séculos, imagina a transfobia, que é uma luta "recente".

Graças a Deus, no meu trabalho posso usar o banheiro masculino, posso ser quem eu sou.

E o resultado do preconceito é qual?

Muitas das vezes, assim como a cena acima, parar numa cama de hospital gemendo de dor, com o próprio sangue escorrendo no rosto e vc não conseguindo pensar em nada além da dor que esta sentindo, da situação em que se encontra só por ser diferente.

E ai os pais, a família, sente o gostinho amargo que é de perder alguém, desespero e lágrimas tomam conta dos outros que estão lhe observando gemendo e sangrando na maca de um hospital que representa bem os hospitais de São Paulo, uma verdadeira merda, o cara já tava no hospital e só foi atendido um tempo depois quando seus pais finalmente chegaram no local e o que pareceu, pelo menos para mim, é que não teve urgência no caso, afinal, era suspeita de uma briga feia entre duas pessoas, que o Eugênio logo contou que não foi briga, o Ivan foi vitima de ignorância de pessoas que pensam que podem brincar de Deus e sair julgando todo mundo pela rua e agredir aqueles que não enquadram no padrão da sociedade ou melhor, dessa sociedade ridícula em que vivemos e então finalmente a médica resolve ser útil e atender o paciente.

Na dor, no desespero, no medo de perder, os pais fazem o que?

Chamam de filho. "Meu filho." Joyce cacarejou.

"Ivan Garcia" o Eugênio falou.

Mas que belezura, era tudo o que estava faltando, não é mesmo?

O apoio, o amor e a compreensão da família, que ironicamente, terminou mais rápido do que eu esperava. Foi só chegar na casa e já começou de novo "filha...", então é como eu postei no Facebook, ué, já esqueceram da dor e do medo de perder alguém que se ama só pq é diferente?

Embora seja apenas uma novela, a verdade, é que representa muito a vida de muitos transexuais e não posso deixar de citar que a surra dada pelo preconceito tirou a vida de um bebê que estava com planos de vir ao mundo e ter uma vida também.

Embora a Joyce tenha dito que ninguém mais machucará o Ivan, bom, obviamente que ninguém no mundo pode evitar que isso aconteça com alguém, claro que nessa conta, não incluí trans que vem de família rica e pode pagar um segurança particular ou algo assim.

E no fim disso tudo, acha que vão mostrar os agressores sendo reconhecidos e presos?

Eu duvido muito, pq é a realidade de hoje e por enquanto, apesar das lutas contra o preconceito, nada esta sendo feito ainda, quando na verdade, as prisões deveriam estar lotadas com "pessoas" desse tipo e claro, de outros tipos também, óbvio.

E nenhum pouco menos importante, preciso mencionar também o ótimo trabalho que o ator que faz Nonato e Elis tem feito esse tempo todo contando como a vida de travestis/drags também é muito difícil, perigosa e cheia de preconceituosos pelo caminho, de estar sempre com a vida em risco, por não se encaixar no padrão que a sociedade impõe desde a época da pedra, melhor dizendo.

Tem pessoas que acreditam que um dia isso tudo acaba.

Para ser sincero, eu não acho que acaba não, acho que nunca vai acabar, talvez minimizem um pouco a violência, mas acabar mesmo, eu nunca acreditei nisso e nunca vou acreditar, mesmo tentando me provarem que estou errado.

Eu tive sorte, pois trabalho em uma empresa que é aberta a diversidade, que eles dão a oportunidade de sermos quem realmente somos lá dentro, garantindo ainda que não sejamos agredidos, pelo menos lá dentro, enquanto estamos trabalhando, o que nos da a oportunidade de respirarmos aliviados um pouco, mas poder respirar deste mesmo jeito na rua e dentro da própria casa ai já outros 500, tem muita gente que já consegue isso, mas a outra metade ainda continua lutando, sem falar que encaramos também uma porrada de preconceito dentro da própria comunidade LGBT o que é mais triste ainda, pq quem chegou lá, quem já alcançou tudo o que desejou pra si, parece que esquece a árdua luta que enfrentou em boa parte de toda a sua vida.

É muito complicado, porque ao mesmo tempo que a gente quer que tudo aconteça depressa, que tudo seja conquistado de imediato, que a gente chegue lá logo, a gente tem que aprender a esperar, porque as outras pessoas, principalmente aquelas que nos rodeia não tem tanta facilidade para conseguir acompanhar a nossa ansiedade em viver a vida que queremos para nós.

E tem uma coisa que acabei de lembrar que o Ivan disse para sua mãe que marcou a data de hoje.

Quando ele esta lá sofrendo de tanta dor e sua mãe olhando ele diz:

"Agora você entende, mãe? Que ninguém escolhe isso?"

Pq sinceramente meus amigos, quem escolheria uma vida que esta sempre correndo risco de apanhar, de ser morto, ferido por palavras ou preso em uma vida e corpo que não lhe pertence?

Encerro dizendo que fiquei com a consciência pesada agora a pouco.

Minha mãe querendo desabafar que esta mal pq esta sem antidepressivo e pra completar esta em uma menopausa monstruosa de matar qualquer ser vivo que se aproxime perto o suficiente e eu só pensando pq ela esta sofrendo tanto se os problemas dela são fáceis de resolver, ela irá na consulta da psiquiatra na sexta-feira, pegará mais anti depressivos, marcará uma ginecologista, fará o tratamento da menopausa e as coisas vão se ajeitando novamente e enquanto isso eu não encontro um endócrino para me ajudar com a hormonização, não consigo emagrecer para meus peitos diminuírem já que uma cirurgia pra tirar tudo ta mais caro que um carro novo e nem a mudança de nome nos documentos consegui ainda, que já tenho 31 anos e continuo parado exatamente no mesmo lugar, preso em um corpo que não me pertence, vivendo uma vida baseada em peças de teatro, só que o lance é que nunca achei meus problemas maiores do que os dos outros e não é agora que eu quero começar a achar isso, nunca achei justo e não é agora que vou achar.

Então voltei a fita da vida um pouco, me lembrei como eu estava quando não estava tomando meu antidepressivo, em como cheguei ao fundo do poço e como foi preciso que Deus me enviasse dois anjos para me tirar lá do fundo, a verdade, é que uma pessoa depressiva, quando esta sem seus remédios vê o mundo de uma maneira que pessoas com estado de saúde mental bom não consegue compreender pq não consegue enxergar aquilo que o depressivo esta vendo, eu não sei explicar de outra maneira, mas eu estive lá no fundo do poço, como não ter tido paciência para ouvi-la, de verdade, espero que essa tenha sido a última vez que isso tenha acontecido, pq eu não admitirei que eu me torne um cara frio, com coração de pedra, como meu pai e meu irmão são!

Eu não admitirei jamais!

Eu espero de verdade que ela consiga se recuperar e dar a volta por cima.

Eu estou estendendo a mão, mas meu braço é muito curto para ela alcançar e me sinto muito mal quando vejo que não estou conseguindo ajuda-la.

Espero de verdade que ela apareça na consulta na data e horário certo desta vez, que a médica compreenda o caso dela e de uma nova receita com algum outro antidepressivo que possa ajuda-la melhor, afinal, a medicina avançou tanto, que só não tem jeito para a morte, não é mesmo? 

Eu espero de verdade que ela marque os médicos para o check-up anual e compareça em todos eles, inclusive nos retornos para mostrar os exames.

Eu espero de verdade que ela se cuide, para que possa continuar firme e forte, sendo a mulher incrível que ela sempre foi e sempre será.

Que tenha muitos anos de vida e saúde ao meu lado, que conheça, quem sabe um dia, minha futura esposa, mãe dos meus filhos, a oportunidade de ser chamada de avó.

A vida é muito difícil para todo mundo.

Os meus problemas não são maiores do que os de ninguém não.

Eu não sou mais importante do que ninguém não.

Precisamos ser solidários, sempre estar disposto a ajudar o próximo, sempre estarmos ali estendendo a mão quando o nosso próximo cair ou tropeçar.

É preciso abrir mais a mente.

Abrir mais o coração.

Compreender mais as pessoas.

Conscientização.

Humildade.

É por isso que hoje, irei coloca-la em minhas orações, pois só quem já passou pela depressão e menopausa sabe a dureza que é, seguir os caminhos de espinhos descalços, sem direito a pausa.

É preciso respirar fundo, bem fundo e espalharmos o amor por ai.

É preciso ter paciência, é preciso saber a hora de olhar para o próprio umbigo e ajudar aquela pessoa que esta ao seu lado precisando de sua ajuda ou ombro amigo.

É preciso abrir os olhos.

É preciso pegar o mundo com o coração.

É preciso de mais amor.

Mais amor, por favor.

É isso ai galera, fico por aqui hoje, quem sabe, amanhã tem mais.

Quem sabe, encerramos a noite de um jeito melhor.

Quem sabe, as esperanças se renovam e as luzes aparecem mais forte no fim do túnel.

Um dia entenderemos porque as coisas demoraram tanto para acontecer.

Um dia entenderemos, pq o mundo do avesso ficou e ninguém ligou.

Tenham uma boa noite e bom feriado.

Um abraço,

PD.