quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

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Boa noite amiguinhos.
Como vocês estão essa noite? Espero de verdade que estejam todos bem.
Ontem a noite foi difícil pra mim, enquanto todos dormiam gostoso, para renovar suas forças para o dia seguinte, estava eu sentado lá fora fumando e chorando as lágrimas que não caiam, também tive um ataque de ansiedade daquelas que parece ser dor física sabe? Pois é...

Não, eu não apelei para o revotril, de alguma maneira senti que precisava sentir aquela dor.
Que precisava passar por aquele momento.
Demorei uma eternidade para dormir mesmo sabendo que eu precisava acordar cedo no dia seguinte.
E quando acordei hoje, estava me sentindo sufocado, muito sufocado mesmo.
Tomei café rapidamente, o banho mais rápido da história, peguei minhas coisas e vazei, por mais incrível que pareça quando cheguei la fora eu já estava conseguindo respirar novamente, não estava 100%, mas estava um pouco melhor.
Liguei o carro e segui para o trabalho, coloquei música alta para espantar os pensamentos, não gosto de escutar música alta pq me da sempre a sensação de que estou ouvindo menos do que antes, mas dessa vez foi preciso, de alguma maneira eu precisava espantar os pensamentos, mas não se preocupem, mesmo quando eu estou ruim, eu dirijo direito, no limite da velocidade, pq as outras pessoas não tem culpa de nada e não merecem nenhum acidente causado por mim.
Quando finalmente estacionei próximo ao trabalho e desliguei o carro, custou alguns minutos para que eu conseguisse sair do carro, pq eu sabia, que eu tinha q fingir que estava bem para evitar perguntas, pq mesmo se eu explicasse, acho que ninguém realmente me entenderia, fiquei alguns minutos no carro, não o suficiente, pq tem um guardinha do bairro que fica sempre ali perto de onde estaciono e a gente sempre conversa e eu não queria q ele me visse pra baixo daquele jeito, pq ele seria outra pessoa que eu teria que explicar e ele não entenderia.

A minha sorte é que meu trabalho é uma terapia perfeita pra mim, ainda mais agora que o time esta pequeno, estamos com o dobro do trabalho, mal tenho tempo para ir ao banheiro ou fumar ou seja, não tenho tempo para ficar pensando nas coisas, principalmente, nas coisas que não posso mudar.
Trabalhei o dia todo, os pensamentos não me atormentavam mais, eles só me visitavam quando eu estava sozinho, como nas horas que eu ia ao banheiro, quando fiquei cuidando do departamento enquanto meus colegas almoçavam, quando eu fumava sozinho e assim por diante.
Mas meus amigos, não se preocupe, quando falo dos meus pensamentos não é nada sobre me ferir ou suicídio, podem ficar totalmente tranquilos.
São pensamentos de até quando vou aguentar, até quando a vida vai ser assim tão complicada ou até quando eu lutarei essa guerra dentro de mim.
Eu fiquei bem ruim depois que um amigo meu postou no Facebook que vai ter mutirão de retificação de nomes para transexuais lá na consolação, apenas para 50 pessoas, os 50 primeiros a se inscreverem, não foi por saber que eu não estarei entre os 50 primeiros, mas por não conseguir entender se vale apena passar por cima de tudo para realizar este desejo.
Faz um tempo já que minha família não briga mais daquele jeito que parece cena de novela da globo, não sei se quero arriscar a ser o culpado se isso voltar, mas tbm não sei até onde posso aguentar levar duas vidas diferentes, porque isso me complica muito, eu tenho que ajustar meu cérebro para que ele represente bem a personagem quando estou dentro de casa e depois ajusto de novo para ser quem realmente sou quando estou no trabalho, hoje por exemplo, chamei uma amiga no gênero masculino umas 4x e quando percebia pedia desculpa e corrigia, da uma sensação de que qualquer hora o meu cérebro vai dar um bug q ngm vai conseguir arrumar.
Eu não tenho culpa disso, sabe? Eu não pedi para nascer em um corpo que não me identifico e é foda pq eu ainda não consigo me colocar em primeiro lugar na minha vida, continuo sempre pensando nos outros primeiro e depois em mim, talvez eu seja assim para sempre, talvez por isso que eu nunca serei 100% realizado, mas o gostinho de eu ser quem sou lá no trabalho, já é alguma coisa.
Um trans sempre sabe, alguns só demoram para entender as coisas e eu sabia desde quando era moleque, que vivia na rua e só entrava na hora de jantar, jogando bola, andando de skate, entre outras coisas na calçada na frente de casa.

E minha mãe superou o fato de que ela não tem uma filha e sim um filho e isso foi tão importante e especial para mim que todos os dias eu penso em como posso agradece-la, eu já devo ter dito isso antes, mas queria poder dar o mundo pra ela, pq só nós 2 sabemos tudo o que passamos e superamos para estarmos aqui hoje e graças ao bom Deus estamos bem novamente.
Mas acho injusto, queria que ela tivesse tido outra criança, para quem sabe desta vez, elas saírem do útero como um bebê normal e ela poder fazer todas as coisas que garotas fazem que ela não pôde fazer comigo.
Eu a amo muito e desejo tanto que ela seja feliz, o tamanho do sentimento é tão grande que não posso colocar em palavras, eu a amo mais do que qualquer um nesse mundo e queria q as coisas tivessem sido melhor pra ela, de forma mais justas, com oportunidades e muitos momentos de sorrisos.

Até quando terei que viver duas identidades?
Até quando vou deixar a transfobia empatar o jogo?
Até quando vou me alto proibir de viver intensamente?
São tantas perguntas que tenho, porem, preciso dormir, o sono chegou e amanhã levanto cedo.

Então simplesmente se cuidem, ok?
Talvez amanhã eu volte aqui.

Obs.: Fiquei orgulho que não fui chorar no ombro de ninguém, afinal, essa luta é só minha e as consequências também.

Enfim...Boa noite.

PD.

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