sábado, 13 de janeiro de 2018

Vai ser sempre assim? Post 129


Boa noite amiguinhos.
Como vocês estão? Ta virando clichê já perguntar isso né?
Ontem tive uma noite realmente incrível, foi espetacular e eu não mudaria nada.
Rodeado de amigos, cerveja gelada e tequila depois de explicar 5x para o cara do bar que eram 7 copinhos de tequila com 1 dose cada, mas ok.
Me diverti muito, foi com um grupo novo desta vez, mas me diverti e não me deu ansiedade ou ataque de pânico para ir embora logo, o velho grupo continua bem, só não estão mais na ativa tanto quanto antes, o grupo novo tbm é foda, até demais e ontem foi épico, fechamos o bar!!

Mas houve alguns momentos em que desliguei, ali estava eu sentado na cadeira quieto, não estava mais conversando ou dando risada ou batendo no Ed como fiz quase a noite toda, eu estava desligado, pensando em como ali eu era a única pessoa diferente, a única pessoa que não se encaixa na sua própria embalagem, em como eu não gosto de mim quando eu fico bêbado.
Algumas pessoas desse grupo perceberam que eu estava desligado, o Coruja, não sei como, me pegou pela cadeira e me levou mais próximo para a líder do grupo, sim, ela é a líder pq não da pra ser normal ou ficar desligado por muito tempo perto dela, não é Sra. Zampinni?

Me ligaram. Eu estava conversando de novo, rindo, bebendo, eu estava ali de novo.
Depois de um tempo desliguei de novo.
Desta vez eu estava virado sentido a ponte, sim, a famosa ponte que costumava ser minha e da Galdi antes dela ir embora e me deixar feito um idiota esperando q voltasse algum dia.


E ali estava eu pensando: Aquela ponte, palcos de muitos momentos de risadas, de segredos compartilhados, de lágrimas entre brigas, também foi palco de um momento de desespero meu, desespero, com medo, com cansaço e depressão misturada, aquela ponte foi palco tbm de quando eu estava encarando ela pensando em pular e acabar com toda a dor que eu sentia.
Graças a Deus não pulei, porque hoje estou tendo a oportunidade de conhecer pessoas incríveis e de viver mais tempo com a família que eu tanto amo.
É difícil ver os dias passando e não me ver evoluindo ou chegando onde quero chegar.
É difícil viver os dias acreditando que nada vai mudar, que as coisas que quero para a minha vida são conquistas que vão muito além de onde eu consigo ir.
Eu sei que existem pessoas com milhões de problemas muito mais graves do que os meus, por isso tento tratar cada um com toda a educação, respeito e amor possível, pq infelizmente não posso resolver os problemas de todos, mal consigo lidar com os meus.
Mas me alivia saber que as pessoas não estão percebendo os motivos que me faz as vezes desligar.
Me alivia saber que algumas pessoas acham que estou tranquilo, em paz e sereno.
Acho bonito ver que algumas pessoas ainda acreditam que eu posso alcançar os meus sonhos.
Que eu ainda posso vive-los.
Mas a gente vai seguindo né, no aprendizado da vida, acho que a gente tem que tentar viver com a maior simplicidade possível.
Mas as vezes é complicado, não lembro que dia que foi dessa semana, acho que quarta ou quinta, que cai na besteira de ouvir Brave man em uma noite que eu estava sentimental, quando o clip acabou, sai lá fora pra fumar e chorei as lágrimas que insistem em não cair, são sempre as mais pesadas.
O clip é maravilhoso, ele se despede da personagem que era a vida toda jogando as fotos no mar.
Tem como ser mais foda do que isso? Não né!
Eu quase já tenho mais fotos de quando fingia ser uma mulher pelo bem da família.
Eu já não tenho mais roupas femininas aqui, graças a Deus.
Eu não sei se vou ter paz quando eu me despedir da personagem, pq a sensação que dá é q sempre estarei me sentindo mal por não ter sido a filha que minha mãe pariu, para o resto, eu não ligo.
Eu não sei se eu vou um dia me despedir e conseguir ficar numa boa.
Eu não sei se a minha família um dia vai conseguir se despedir, pq mesmo quando a minha avó não esta por perto, eles continuam me enxergando como a personagem que eu criei, me chamando pelo nome que recebi, eu não sei se as pessoas aqui conseguiriam se adaptar com a mudança.
As vezes olho para trás e penso "Nossa, como consegui passar por isso?".
Espero que seja assim, que eu vá enfrentando as coisas e um dia eu possa me surpreender que passei por mais um obstáculo na minha vida.
E o mais bonitinho é o meu afiliado, nas mensagens que ele me manda via whatssap, ele sempre esta me tratando no gênero certo, falando pelo nome certo, para quem eu tive mais dificuldade de contar, foi a pessoa que mais me compreendeu, quem diria, cara, obrigado por isso.

O que me deixa calmo é saber que isso dói só em mim.
Que essa guerra é só minha.
Que precisar viver duas identidades diferentes pra poder manter a paz é só eu q tenho q fazer.
E acima de tudo, que consigo viver dessa maneira, escondendo da minha avó, para que não cause mais dores nessa casa do que já foi causado.

Preciso deixar um abraço em especial também para meus amigos e colegas de trabalho que me respeitam toda vez que coloco o pé na empresa e tiro a mascara, que respeitam meu gênero e minha identidade apesar do meu corpo me contradizer o tempo todo.
Não é pq eu não vou conseguir transitar que eu não sou feliz, esses pequenos momentos que o pessoal me faz passar sem máscara são simplesmente os melhores.
Sempre penso na minha antiga terapeuta dizendo que quando eu me assumisse eu perderia pessoas, na verdade, não perdi ngm, me livrei de pessoas falsas.
E é um tanto quanto interessante pq ao mesmo tempo que estou aprendendo sobre tudo isso estou ensinando também.
Espero que um dia eu possa ensinar vocês também que talvez a paz que almejamos chega para todo mundo.
Temos aquilo que merecemos, não é?
Se existisse mesmo uma vida passada, talvez eu tenha sido o cara mais filho da puta da terra e agora to aprendendo do pior jeito, não sei.

Enfim...

PD.

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