quinta-feira, 29 de junho de 2017

Cláudio x Ivana #Aforçadoquerer


Bom dia amiguinhxs.

Todos bem? Ótimo.
Me perguntaram hoje mais cedo, qual a minha opinião pessoal sobre a Ivana ter dito ontem a noite que quer ficar com o Claudio, que vai viajar com ele e deixar tudo acontecer, inclusive, o sexo.
"Pedro, a Ivana será um homem trans gay?"
Não sei gente, eu não escrevi a novela e nem participo dela.
Pode existir essa possibilidade, pq opção sexual não tem nada a ver com identidade de gênero.
Apesar de que eu não concordo que seja chamado de "Opção sexual" pq ngm acorda em um belo dia de sol e diz "Vou ser gay" ou "Vou ser lésbica", até pq se fosse escolha, creio eu, q ngm escolheria uma vida tão difícil, tão cheia de preconceitos, onde quem vc esta beijando é motivo para te matarem.
Mas ok.
Vamos lá.
A opção sexual é a sua atração por determinado sexo.
O gay gosta de homem.
O bi gosta dos dois.
A lésbica prefere as mulheres.
O pansexual se apaixona pela pessoa independente do sexo
E assim vai...
Transexualidade é sobre sua identidade.
Eu por exemplo, que TODO MUINDO já sabe, sou homem trans ou seja eu tenho corpo de mulher, mas minha alma é de homem e isso é algo que também não se escolhe, afinal, quem escolheria viver a vida inteira em um corpo errado sofrendo todos os dias e não poder fazer nada para q mude isso de uma hora pra outra?
Só não entende quem não quer.
Então a Ivana pode ser homem trans gay, bi, pan, independente com quem ele se relacione não vai deixar de ser homem trans pq essa é a sua identidade.
Entenderam?
Levanta a mãozinha que não entendeu!

Enfim...

Pelo menos 30% dos homens trans já passaram por essa fase também, de ficar com garotos, vivendo como garota, achando que tem o controle da situação e que pode ser desse jeito.
Eu mesmo já fiz isso.
Fiquei com vários garotos quando eu era mais novo, mas eu fazia isso acreditando de verdade que forçando eu passaria a gostar e poderia ter uma vida "normal" visto aos olhos da sociedade, até pq eu morria de medo da minha mãe descobrir que eu gostava de garotas, eu preferia a morte do que ver ela chorando decepcionada ao descobrir isso.

Eu tive o Ramon...
Tadinho. Eu não podia chegar perto dele direito que ele ficava tremendo feito vara verde.
Tive dois Paulos. Um negão que adorava comer miojo cru rs e um que parecia um indiozinho.
Tive o Fábio, nós chegamos a namorar, usar aliança e tudo mais. Mas quando eu estava com ele eu já sabia que não daria certo, eu já não aguentava mais tentar, não durou mais que 3 meses.
Teve o Sidnei também. quando ele me pediu para ficar com ele, como eu estava tentando, topei.
Foi estranho pq ele pulou de alegria quando eu topei, ficou muito feliz mesmo.
E eu não conseguia entender o pq ele estava feliz, eu não era nada demais, eu nunca fui e não quero ser nada demais, nem beleza eu tinha.
Ficamos algumas vezes, saíamos muito em grupo e ele sempre ao meu lado.
Nos pegamos bastante, mas um dia ele sumiu do mapa e eu achei melhor assim.
Teve o Davi tbm, namoradinho do primeiro ano do colegial, coitado, ligava pra minha avó aos prantos quando terminei com ele.
Fiquei com o Rafael e o Daniel também, mas nada duradouro.
E a cada dia que ia se passando, mas eu tinha certeza de que forçar gostar de homens não iria fazer com que eu conseguisse.
Eu me lembro aos 13 anos quando fiz sexo pela primeira vez com um garoto o qual prefiro não identificar. Ele era virgem também, então tivemos muita paciência um com o outro e fizemos várias vezes acreditando que um poderia ajudar o outro, digo ajudar, pq ele tinha suas duvidas também.
Tentamos demais, de todos os jeitos em todos os lugares possíveis, incluindo, lugares públicos.
Nada deu certo.
Hoje sou homem trans e ele é um homem gay que ta namorando um rapaz que parece ser um ótimo rapaz, não sei, não o conheci, na verdade, perdi contato e desde que viramos adultos, nunca mais o vi.
Mas posso dizer com toda a certeza do mundo que nós tentamos e tentamos muito, na casa dele, na minha, enfim...
O que estou querendo dizer é que não podemos mudar o nosso destino.
Estamos aqui na terra para aprender, evoluir.
Eu estou aprendendo muito, ainda mais, tendo que viver (graças a minha avó) duas identidades, duas vidas diferentes e tenho ouvido falarem que tem algumas pessoas que estão aprendendo comigo também, inclusive, duas delas, já vieram me agradecer por ter ensinado que a sociedade não tem que ditar nada, que uma pessoa fora do padrão tem um coração e uma alma muito melhor que heteros e cisgeneros por ai. E que existe uma força dentro de nós que podemos chegar em qualquer lugar que for preciso.

Mas só após os 17 anos que eu fui aceitar que ficar com garotos não ajudava em nada.
Eu não sei se o personagem da Ivana será homem trans gay ou se ela esta tentando viver dentro do padrão que a sociedade impõe, não tem nada demais um homem trans ser gay e contei a minha história para que as pessoas que me perguntaram possam entender que é possível de todos os jeitos viver, ser feliz, amar, etc.

Tive minhas namoradinhas também.
Aos 17 a garota chamava Rosângela, foi a primeira garota que eu fiquei de verdade, ela ficava com mais duras garotas além de mim e eu claro que não sabia disso, com ela foi o primeiro beijo, o primeiro abraço, até que um dia, uma das namoradinhas dela descobriu, me deu uma surra, me mandou para o hospital e eu nem estava entendendo pq eu estava apanhando rs.
E nesse dia eu tinha q tirar a foto pra ir na faculdade fazer a inscrição, sai de rosto inchado na foto rs.
Terminamos e não pretendo vê-la novamente nem pintada de ouro.
Eu simplesmente desprezo pessoas que tem essa mania de ficar com várias ao mesmo tempo e jurar que só tem uma.

Tive a WD (sim, não vou falar o nome de todas), ela trabalhava como babá de crianças na época, uma negra completamente linda, mas foi uma história bem enrolada, pq na nossa primeira saída com os meus amigos, ela teve que me ajudar a socorrer uma amiga minha que tinha se dopado de drogas, a WD inclusive deu banho nela para ela acordar, enquanto eu e o namorado esperávamos na sala preocupados. Mas ela ajudou com todo o carinho do mundo.
Depois ela me socorreu novamente, quando meu pai estava internado, minha mãe precisava ir para o hospital ver ele, queria que a irmã fosse junto, mas tinha os filhos pequenos dela. a WD veio quase que imediatamente e me ajudou a ficar com todas as crianças para que minha mãe e sua irmã pudessem ir ao hospital. Mas no fim ela foi embora de SP.

Tive a Dani. Ela morava perto do Hospital Sorocabana, era uma época que qualquer coisa que minha mãe sentia, ela corria para o hospital, pq ela tinha um síndrome do pânico em relação a doença muito forte e eu sempre tinha que ficar em casa, eu mandava mensagem pra Dani que estava sempre por perto observando se minha mãe precisaria de alguma coisa.

Tive alguns namorinhos virtuais que eram moda na época.
E tive a Amy. Ela foi pessoalmente e foi um vai e vem que durou sete longos anos.
Eu me lembro da primeira vez que conversamos, na mesa de uma festa de aniversário.
Começou na hora do almoço e a conversa foi rolando.
Eu estava tão encantado que dei por mim já era de manhã do dia seguinte.
Fomos dormir era 05 am, foi a noite mais rápida da história.
Nos pegamos depois disso rs.
Então acho que dormir mesmo fomos lá pelas 07hrs, era apenas um final de semana e eu me lembro de querer ficar bem mais do que 2 dias, mas não foi possível.
Mas ela voltou várias vezes a SP e fomos ficando, ficando, ficando, mas não deu certo.
Eu era infantil demais para ter um relacionamento.
E ela se casou com outra pessoa,
Mas hoje consigo ver que foi melhor assim, pq infelizmente, como poucos sabem, existe muito preconceito dentro da própria comunidade LGBT, são gays que não gostam de lésbicas e vice e versa, ambos que não gostam de bissexuais e assim por diante.
Engraçado né? Lutamos tanto contra o preconceito  dos heteros e esquecemos do preconceito dentro de nossa propria comunidade, digo isso, pq ela é transfobica, quer dizer, não posso dizer que hoje ainda ela é pq perdemos contato, mas  na época, ela mesmo assumiu que era, ela tinha uma raiva muito grande por homens e mulheres tem essa mania né de que todos os homens são iguais.
Onde quer que ela esteja, eu espero que ela esteja bem e feliz, não é pq a nossa jornada acabou que não vou querer o bem, eu não sou assim.

A vida é engraçada, não é mesmo?
São tantos vira e volta, tanto pra cima e pra baixo.
Um dia você esta ali com aquela pessoa curtindo um momento único e daqui dois meses você já nem sabe mais se a pessoa esta viva, acho que a vida se resume naquela estupida musica do trem...
Maldita nostalgia que as vezes nos pega pelo pé do estômago.
Esperem um pouco, preciso tomar meu remédio, estou com gripe --'
Pronto.

Resumindo tudo isso o que eu quero dizer para vocês é o seguinte.
Parem de julgar de José beija João não tem nada a ver com você.
Se Raquel transa com Roberta isso também não envolve você.
E assim por diante.

Acho que todo mundo deveria lembrar que a vida não passa de um breve momento que temos para sermos felizes, realizar nossos sonhos, aprender, evoluir, amar, apaixonar, trabalhar, tantas coisas para fazer nesse breve momento de vida e me pergunto pq tem gente perdendo tempo cuidado da vida dos outros hein?

Enfim...

Seja Ivana um homem trans gay.
Seja Ivana um homem trans hetero ou bissexual.
Não interessa, o personagem que ela esta representando tem o mesmo direito que todos os outros.
O que ela é, a identidade dela, não significa q ela tem que gostar de determinado sexo.
É hora de aprender amiguinhos, afinal, respeito ao próximo é uma coisa muito linda!

Pense nisso.

Abraços.

PD.


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